26 maio 2006

Gestão de resíduos de abate florestal

O problema da gestão dos resíduos de abate de povoamentos florestais está ligado à necessidade em reduzir a carga de detritos de modo a tornar possíveis as acções de preparação do terreno e de plantação. A outro nível é necessário também atender aos efeitos de cada opção de gestão daqueles resíduos sobre a produtividade, quer através da alteração das características físicas e químicas do solo, quer do papel que podem exercer no controlo da vegetação espontânea.

Se a opção de gestão for deixar os resíduos no terreno as grandes vantagens para o solo são as seguintes: maior devolução de nutrientes ao solo, maior teor em matéria orgânica (aumentando a retenção de água e a capacidade de troca catiónica), protecção do solo da compactação (feita pelos detritos deixados à superfície), redução da germinação da vegetação espontânea e diminuição das perdas de água por evaporação e da oxidação da matéria orgânica dos horizontes superficiais.

Não é de menor importância o modo como os resíduos são distribuídos no terreno, já que, para além do tipo de disposição espacial ser importante para a regulação do escoamento superficial em locais com declive elevado, a própria dimensão das partículas dos resíduos determina o tipo de destino que se pretende dar no curto prazo a alguns nutrientes neles contidos, nomeadamente o azoto.

No que respeita aos cepos, a sua remoção deve ser evitada por ser dispendiosa. Por outro lado, a sua posterior queima ou estilhaçamento conduzem sempre a perda de nutrientes. No primeiro caso, por volatilização, nomeadamente de azoto, e por convecção das cinzas elevadas no ar; no segundo, porque a redução da dimensão das partículas aumenta a competição entre os microrganismos e as plantas, diminuindo o azoto disponível na solução do solo.

A remoção total dos resíduos de abate tem efeitos opostos aos apresentados, só se justificando se os custos da extracção e transporte e da perda da fertilidade do solo forem compensados pela sua venda e pela diminuição dos custos de tratamento dos resíduos para os manter no povoamento. No entanto, os benefícios para o solo, ao manter resíduos no terreno, são dificilmente conseguidos recorrendo a métodos artificiais ou implicam custos adicionais. Em experiências realizadas em eucalipto tem-se constatado que numa exportação total da biomassa os balanços dos principais nutrientes são largamente negativos, variando as deficiências entre 45 e 75% das necessidades das árvores. Além disso, estes valores estão longe de poderem ser compensados através do balanço entre os inputs da alteração das rochas e entradas atmosféricas e os outputs devidos às perdas por drenagem.

O recurso ao fogo controlado justifica-se apenas por ser uma técnica barata para reduzir o volume de detritos de dimensão elevada, nomeadamente em locais onde a maquinização é difícil. Quando mal utilizado, o fogo controlado pode ser fonte de degradação para a estação florestal devendo por isso ter-se os seguintes cuidados: em primeiro lugar deve evitar-se temperaturas demasiado elevadas (>300ºC) que conduzam à perda de nutrientes por volatilização, à destruição da matéria orgânica (com consequente perda da estrutura e aumento da erosão) e ao favorecimento da vegetação expontânea; em segundo, para diminuir aqueles efeitos, mesmo após fogos devidamente controlados, o terreno deve ser imediatamente preparado e ocupado por nova plantação ou sementeira.

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